Névoa acima da superfície de Marte deixa cientistas intrigados
Névoas a grandes altitudes acima da superfície de Marte, estão causando comoção entre os cientistas que estudam a atmosfera marciana.
Em duas ocasiões separadas, março e abril de 2012, astrônomos amadores relataram ter visto nuvens de poeira se desenvolvendo naquele planeta.
As névoas estavam se elevando a altitudes de 250 km acima da mesma região de Marte em ambas as ocasiões. Comparativamente, características similares vistas no passado não excederam 100 km.
“A aproximadamente 250 km, a divisão entre a atmosfera e o espaço é muito fina, assim as nuvens relatadas são extremamente inesperadas“, diz Agustin Sanchez-Lavega, da Universidade del País Vasco, na Espanha, autor principal do trabalho que reportou os resultados no periódico Nature.
O fenômeno se desenvolveu em menos de 10 horas, cobrindo uma área de até 1000 km por 500 km, e permaneceu visível por aproximadamente 10 dias, mudando sua estrutura dia após dia.
Nenhuma das sondas que orbitam Marte viram o fenômeno, devido às suas geometrias de visão e condições de iluminação na época.
Porém, ao conferir as imagens arquivadas do Telescópio Hubble tiradas entre 1995 e 1999, e do banco de dados de imagens amadoras tiradas entre 2001 e 2014, foram reveladas névoas ocasionais, embora geralmente com 100 km de altitude.
Mas um jogo de imagens do Hubble, de 17 de maio de 1997, revelou uma nuvem anormalmente alta, similar àquela avistada por astrônomos amadores em 2012.
Os cientistas agora estão trabalhando para determinar a natureza e causa das névoas, através da análise de dados do Hubble, em combinação com imagens feitas pelos amadores.
“Uma ideia que discutimos é a de que as características são causadas por uma nuvem refletiva de gelo d’água, gelo de dióxido de carbono e partículas de poeira, mas para isto seriam necessários desvios excepcionais dos modelos padrão de circulação atmosférica para explicar a formação de névoa em altitudes tão grandes“, disse Agustin.
“Uma outra ideia é a de que elas estão relacionadas às emissões da aurora, e na verdade as auroras têm sido anteriormente observadas nessas localidades, ligadas à uma região conhecida na superfície onde há uma enorme anomalia no campo magnético da crosta“, adicionou Antonio Garcia Muñoz, pesquisador da ESA e co-autor do estudo.
Ainda não se sabe a natureza e nascimento destes curiosos fenômenos marcianos a grandes altitudes. Maiores análises serão possíveis após a chegada das sonda ExoMars Trace Gas Orbiter, da ESA, no Planeta Vermelho, agendada para ser lançada em 2016.
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Fonte: phys.org
Colaboração: G33k, Alberto Martins, Wladimir Teixeira Wamburg, Sonia Maria Flores Palermo