Estaríamos prontos para um ‘mundo pós-verdade’ saturado de IA?

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Tempo de leitura: 3 min.

A Inteligência Artificial (IA) é indiscutivelmente a tecnologia de avanço mais rápido que os humanos já desenvolveram. Um ano atrás, você não costumava ouvir a IA surgir em uma conversa normal, mas hoje parece que há conversas constantes sobre como ferramentas de IA generativas, como ChatGPT e DALL-E, afetarão o futuro do trabalho, a disseminação de informações e muito mais. Uma questão importante que até agora não foi examinada é como esse futuro dominado pela IA afetará a mente das pessoas.

Crédito da imagem ilustrativa: n3m3/leonardo.ai

Tem havido alguma pesquisa sobre como o uso de IA em seus trabalhos afetará as pessoas mentalmente, mas ainda não há uma compreensão de como simplesmente viver em meio a tanto conteúdo e sistemas gerados por IA e como isso afetará o senso de mundo das pessoas. Como a IA vai mudar os indivíduos e a sociedade em um futuro não muito distante?

A IA obviamente facilitará a produção de desinformação – de imagens falsas a deepfakes e notícias falsas. Isso afetará o senso de confiança das pessoas enquanto navegam nas redes sociais. A IA também pode permitir que alguém imite seus entes queridos, o que corrói ainda mais a capacidade geral das pessoas de confiar no que antes era inquestionável. Isso também pode afetar a forma como elas pensam sobre identidade.

Sua própria identidade também pode ser ameaçada por deepfakes, se as pessoas estiverem criando imagens ou vídeos de você fazendo coisas que nunca fez. Nos Estados Unidos, as pessoas geralmente se identificam com seus empregos, e esses podem ser ameaçados em breve. A IA tornará as pessoas mais dependentes e distraídas pela tecnologia em um momento em que isso já é um grande problema? Existem inúmeras maneiras pelas quais a IA pode remodelar a maneira como as pessoas operam no mundo. Mas os pesquisadores estão apenas começando a lidar com as implicações de uma existência saturada de IA.

Larry Rosen, professor emérito de psicologia na California State University, diz temer que a IA torne as pessoas mais dependentes da tecnologia. Os humanos gostam que as coisas sejam o mais simples e fáceis possível, para evitar o estresse, diz ele, para que as pessoas comecem a automatizar todos os aspectos de suas vidas que puderem.

Da mesma forma que você pode usar o Google Maps para chegar a qualquer lugar e não saber como chegar lá, a IA pode fazer com que as pessoas parem de aprender coisas que, de outra forma, teriam que aprender. Ironicamente, porém, Rosen acha que isso pode causar mais estresse, pois as pessoas são inundadas com IA e mudam constantemente de marcha e não veem nada com clareza.

Rosen disse:

“Fico preocupado com o fato de acreditarmos cegamente no GPS. Nós não questionamos isso. Vamos apenas acreditar cegamente na IA?. Do jeito que está, estamos sobrecarregados.

Estamos tão sobrecarregados que não conseguimos realizar uma tarefa simples e concluí-la. A ansiedade só vai aumentar quando nos deparamos com essa coisa desconhecida em nosso mundo.”

Michael Graziano, professor de psicologia e neurociência na Universidade de Princeton, diz acreditar que a IA poderia criar um “mundo pós-verdade”. Ele diz que provavelmente tornará significativamente mais fácil convencer as pessoas de narrativas falsas, que serão perturbadoras de várias maneiras.

Graziano diz:

“A realidade se tornou pixels, e os pixels agora são infinitamente inventáveis. Podemos criá-los da maneira que quisermos.”

Dito isso, Graziano também se pergunta se a IA poderia nos ajudar com a epidemia de solidão, que é uma grande pressão para a saúde mental. Talvez as pessoas pensem na IA como uma amiga? Mas o que acontece então? Ainda não sabemos, diz Graziano.

Ele diz:

“Na verdade, não sabemos que tipo de impacto essa tecnologia terá.”

Michal Kosinski, psicólogo computacional e professor associado de comportamento organizacional na Universidade de Stanford, diz que a IA pode ter um impacto interessante sobre como as pessoas pensam sobre seu trabalho. Ele diz que a IA será melhor em muitas tarefas que os humanos realizam hoje, então as pessoas confiarão nela e poderão se tornar essencialmente a face humana do trabalho que a IA está fazendo.

Kosinski diz:

“Cada vez mais, não apenas médicos, mas políticos, juízes e professores se tornarão interfaces para algoritmos. Quando você vai a um médico, ele ainda lhe dará um diagnóstico, mas esse diagnóstico será apenas impresso em um computador que analisou seus sinais e sintomas vitais e disse ao médico para lhe dar este medicamento.”

A IA terá um impacto em quase todos os aspectos da vida humana, e Graziano diz que são necessárias muito mais pesquisas sobre como isso afetará a mente das pessoas. Se as redes sociais podem ter um impacto tão grande na sociedade, não há como dizer quais consequências uma tecnologia de rápido avanço como a IA poderia precipitar.

Graziano diz:

“Gostaria de ver as pessoas coletando dados reais sobre o estado psicológico, personalidade e saúde mental das pessoas em função de seu envolvimento com a IA. O que isso faz? Isso realmente melhora as coisas de algumas maneiras e prejudica as coisas de outras maneiras? Depende da personalidade particular ou do status socioeconômico particular de uma pessoa?

Há essa área gigante que não é estudada”.

Kosinki diz que as pessoas estão apenas começando a ver a rapidez com que esses sistemas de IA estão avançando, e eles continuarão se tornando mais complexos e capazes de mais coisas. O mundo pode parecer muito diferente em apenas um ano, e não há como dizer como será mais adiante.

Ele diz:

“Estamos deslizando, muito rapidamente, em direção a um mundo controlado e dominado por IA.”

(Fonte)

Colaboração: MaryH


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