Por Paul Seaburn
A procura por metano em outros planetas é um elemento-chave na busca por vida em outros planetas porque uma das causas deste gás é a decomposição da matéria orgânica. Infelizmente para os que buscam a vida, a causa mais comum do metano é abiótica ou inorgânica – seja por causa de processos magmáticos (vulcânicos) ou por meio de reações água-rocha que ocorrem em baixas temperaturas e pressões.
É por isso que a descoberta de gigantescas colunas de água contendo metano em erupção da superfície da lua de Saturno, Encélado, pela nave espacial Cassini gerou reações mistas de cientistas, dependendo se eles viram seu copo de possível vida meio vazio ou meio cheio. O nível desse vidro acabou de aumentar com o lançamento de um novo estudo que determinou que nenhum processo conhecido poderia gerar tanto metano quanto aquele que apareceu em Encélado. É a vida … ou outra coisa?
Imagem da Cassini de Encélado, mostrando fontes da fina pulverização de material ejetada para o espaço. (NASA)
Cientistas da Universidade do Arizona e da Universidade de Ciências e Letras de Paris sabiam que a melhor maneira de determinar se o metano estava sendo gerado por micróbios semelhantes à terra comendo dihidrogênio e produzindo metano em tão grandes quantidades seria ir para onde eles estão – no fundo do mar de um dos corpos d’água em Encélado. Como isso não é possível atualmente, eles fizeram a próxima melhor coisa – desenvolver modelos matemáticos para calcular a probabilidade dos diferentes processos conhecidos de geração de metano, tanto biológicos quanto abióticos, capturados nos dados da Cassini. Os pesquisadores usaram a abordagem da estatística bayesiana, que expressa a probabilidade como um grau de crença em um evento.
“Descobrimos que as taxas de escape observadas (1) não podem ser explicadas apenas pela alteração abiótica do núcleo rochoso por serpentinização; (2) são compatíveis com a hipótese de condições habitáveis para metanógenos; e (3) pontuam dentro da maior probabilidade sob a hipótese de metanogênese, presumindo-se que a probabilidade de vida emergir seja alta o suficiente.”
Isso é o mais próximo que os autores do estudo, publicado na revista Nature Astronomy, chegarão a dizer: “Não estamos dizendo que é vida alienígena, mas é vida alienígena”.
No comunicado à imprensa da Universidade do Arizona, Régis Ferrière, professor associado do Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva da Universidade do Arizona e um dos dois principais autores do estudo, explica que os resultados mostram que mesmo a estimativa mais alta possível da produção de metano abiótico com base na química hidrotérmica conhecida está longe de ser suficiente para explicar a concentração de metano medida em Encélado. Some isto à probabilidade de metanogênese biológica e o modelo mostra que a combinação pode produzir metano suficiente para coincidir com as observações da Cassini. Em outras palavras, a probabilidade de vida em Encélado em algum momento apenas fez o copo ficar mais da metade cheio.
Então, novamente, é apenas um modelo. Missões a Encélado que resolveriam a disputa têm sido propostas desde 2006, com metade já cancelada e a outra em estudo – mas nenhuma financiada e planejada.
Este estudo empurrará o ponteiro da missão Encélado para o lado “planejado, financiado e programado” em breve? Só podemos esperar.
(Fonte)
Colaboração: Roberto C.C
Quero acreditar que vida no Universo é a regra, e não a exceção, embora muita ela possa ter formas tão diferentes que nós humanos não consigamos enxerga-la prontamente.
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