A noção do paleocontato (alienígenas visitando nosso planeta na antiguidade) certamente não é novo. Liderada por Erich von Däniken na década de 1960, esta ideia é construída ao redor da suposição de que culturas quasi-primitivas da pré-história testemunharam a estadia de astronautas da antiguidade, acolhendo suas presenças como se fossem deuses. É provável que estes humanos da antiguidade já tinham formado as noções básicas de espíritos na forma animista e a presença de astronautas antigos somente reforçaram suas crenças na existência de uma força maior.
Não é difícil visualizar o choque cultural sofrido por sociedades subdesenvolvidas quando expostas às maravilhas tecnológicas, tais como máquinas voadoras e armamentos avançados. Na época que a humanidade não havia nem mesmo inventado a roda, testemunhando efeitos da tecnologia que ainda não inventamos hoje, os que apresentavam tais tecnologias devem ter parecido como algo não menos do que deuses todos poderosos. Seus equipamentos os davam poderes sobrenaturais, assim os humanos impressionados começaram a cultuá-los.
Parece que estamos abusando de nossas imaginações? Não, não estamos, e um fenômeno similar está acontecendo em várias partes do globo mesmo hoje em dia.
A existência de cultos de cargo podem oferecer uma explicação de como a religião se tornou uma parte importante na vida humana e poderia oferecer algumas dicas valiosas que dão apoio à hipótese do paleocontato.
Os ‘cultos à carga’ são movimentos que se desenvolveram dentro de sociedades tribais isoladas, após encontros com uma sociedade externa que trouxe sua tecnologia com ela. Eles são a personificação viva da Terceira Lei de Arthur C. Clarke, a qual declara que qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da mágica. E no caso de você estar imaginando, um ‘culto à carga’ é literalmente baseado na adoração de – e com a intenção de obter – o cargo que tal civilização traz com ela.
A República de Vanuatu é uma pequena ilha-nação no Pacífico Sul. Antes do homem branco pisar em suas praias, os habitantes locais nunca haviam visto quaisquer tecnologias acima da Idade da Pedra. No Século XIX, as ilhas foram subjugadas aos ingleses e franceses, e aos missionários cristãos foi dado acesso aos nativos. Eles começaram a reforçar seus costumes e políticas, trazendo severa punição a quem os desrespeitassem.
Após sofrer opressão por décadas, um nativo de nome John Frum prometeu livrar seu povo do despotismo do homem branco, e um grupo separatista se refugiou mais para dentro da ilha.
A história tem uma forma estranha de gerar ondas que vagam através do tempo e este incidente iria tornar a identidade de John Frum como a de um santo entre as pessoas de Vanuatu. Ele havia prometido a seus seguidores vastas riquezas, se eles se liberassem dos missionários. Isso eles fizeram, mas as riquezas não apareceram antes do advento da Segunda Guerra Mundial.
No início da década de 1940, os Estados Unidos estavam planejando construir bases no Pacífico, e a Ilha Tanna, na República de Vanuatu, parecida ser um bom local. Os moradores da ilha assistiam com espanto os grandes pássaros de metal que despejavam caixas do céu. As caixas eram cheias de riquezas, as quais eles nunca haviam visto antes: roupas, materiais de construção avançados, comida enlatada, medicamentos, ferramentas e muito mais. John Frum estava certo todo o tempo e sua profecia finalmente tornou-se realidade. Graças à nova tecnologia adquirida, suas vidas tinham melhorado dramaticamente e foi assim que eles vieram a adorar a carga trazida pelos homens brancos em seus pássaros brilhantes que soavam como trovão.
O povo da ilha cuidadosamente observou como os homens da infantaria engajavam em estranhos rituais, marchando em formação com seus rifles em seus ombros. Eles interpretaram esta peculiar liturgia como o comportamento que causava mais carga de ser enviada de cima. Assim eles começaram a imitar os costumes dos soldados com um rigor religioso, o qual continua até hoje. Todos os anos, no dia 15 de fevereiro, nativos de Vanuatu celebram o Dia de John Frum, marchando com ‘rifles’ de bambu, vestindo calças que eles mesmos fazem e com a sigla USA escrita com tinta vermelha em seus peitos. John Frum é seu santo mais importante e seu dia é o mais santo dos santos.
Coisas ficam ainda mais estranhas dento dos cultos à carga da Nova Guiné. Aqui, os nativos usam pedaços de bambu e cocos para construírem pistas de aterrissagem, torres de controle de voo e até mesmo réplicas de aeronaves, na esperança que seus esforços irão atrair os objetos reais – aeronaves enviadas do céu por seus ancestrais. O vídeo documentário (em inglês) abaixo mostra exatamente o que está ocorrendo, e se a hipótese do paleocontato estiver correta, ela projeta uma imagem triste. Ela nos diz que poderíamos estar fazendo a mesma coisa, porém de forma mais organizada e igualmente ilusória. Um paraíso de tolos para todos.
Vídeo: AbrahamFoxman
Como diria um teórico (com cabelo estranho) de alienígenas da antiguidade:
“O fenômeno do culto à carga ilustra a premissa básica da Teoria Clássica do Astronauta da Antiguidade: Milhares e milhares de anos atrás, extraterrestres de carne e osso, tecnologicamente avançados, chegaram à Terra em espaçonaves de porcas e parafusos.
“Intelectualmente falando, nossos ancestrais não eram estúpidos (eles essencialmente tinham o mesmo cérebro que nós hoje), porém, devido aos seu quadro limitado de referência tecnológica, eles não compreendiam os aspectos funcionais por detrás da chegada daqueles extraterrestres de carne e ossos, e assim nossos ancestrais os interpretavam erroneamente como sendo de natureza divina, o que, é claro, os visitantes não eram. E assim, os ‘deuses’ nasceram. A partir de um simples (embora grande) mal-entendido.” —Giorgio A. Tsoukalos
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Crédito das fotos: AnastasiyaPhoenix/DeviantArt
Fonte: ufoholic.com