NASA confirma que o motor de empuxo EmDrive, considerado impossível, realmente funciona, após novos testes

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O controverso motor EmDrive, do engenheiro Roger Shawyer, voltou às notícias na semana passada, quando uma equipe de pesquisadores dos Laboratórios Eagleworks da NASA completaram mais uma rodada de testes com esta tecnologia. Embora nenhuma publicação oficial de colegas (revisão paritária) confirmando a tecnologia tenha sido publicada, e a NASA ter instituído restrições de liberações para a imprensa no Eagleworks, o engenheiro Paul March foi ao fórum Spaceflight da NASA para explicar as descobertas do grupo.  Em essência, através da utilização de um procedimento experimental melhorado, a equipe conseguiu mitigar alguns dos erros dos testes anteriores – e ainda conseguiu encontrar sinais inexplicáveis do empuxo.

Desafiando as leis tradicionais da física, o EmDrive utiliza um magnetron e micro-ondas para criar um sistema de propulsão sem propelente.  Ao empurrar micro-ondas através de um cone truncado, retornando através de um pequeno orifício deste cone, o motor cria a força necessária para propelir uma nave.  Devido ao fato do sistema ser um motor ser reação, ele vai contra a compreensão fundamental da física por humanos, assim é controverso por natureza.

Nos fóruns da NASA, March revelou o quanto pôde sobre os avanços que têm sido feitos com o EmDrive e sua tecnologia.  Após se desculpar por não poder compartilhar fotos ou apresentar os dados de uma revisão paritária, ele explicou que o Laboratório Eagleworks obteve sucesso e instalou uma segunda geração de amortecedor magnético que ajuda a reduzir os campos magnéticos desgarrados numa câmera de vácuo.  A implementação reduziu grandemente os campos magnéticos dentro da câmara e também reduziu as interações das forças de Lorentz.

Um protótipo do EmDrive.

Porém, apesar de anular quase que inteiramente as forças de Lorentz, March ainda relatou uma contaminação causada por expansão térmica.  Infelizmente, a contaminação reportada é ainda pior no vácuo (ex.: no espaço), em grande parte devido a seu inerente alto nível de isolamento.  Para combater isto, March disse que a equipe agora está desenvolvendo uma ferramenta analítica avançada para assistir na separação da contaminação, bem como um teste integrado que almeja aliviar os erros induzidos termicamente.

Apesar destes avanços, e as adições serem sem dúvida um grande avanço para a continuação da pesquisa do EmDrive, o fato da máquina ainda produzir o que March chamada de “sinais anômalos de empuxo” é, de longe, a grande descoberta dos testes.  A razão porque este empuxo existe ainda intriga os cientistas mais brilhantes do mundo, mas o fenômeno repetido do empuxo baseado em direção faz com que o EmDrive pareça cada vez menos uma combinação de erros e mais como uma resposta legítima para a viagem interestelar.

Os recentes testes de sucesso dos Laboratórios Eagleworks seguem uma longa linha de pesquisa científica, permitindo com que o EmDrive lentamente perca seu título de “ridículo”. Embora Shawyer tenha revelado o aparelho em 2003, não foi até 2009 quando um grupo de cientistas chineses confirmaram o que ele inicialmente afirmou como sendo verdadeiro – isto é, o fato de que quando se preenche um recipiente cônico e fechado com ondas micro-ondas ressonantes na verdade se gera uma quantidade modesta de empuxo em relação à ponta aberta do recipiente.  Embora extremamente cautelosa sobre os testes, a equipe chinesa descobriu que a base teórica estava correta e que o empuxo é realmente plausível

A reação inicial sobre esta teoria, principalmente do ocidente, foi de ceticismo.  Embora o trabalho publicado tenha mostrado que os cálculos eram consistentes com a teoria, o teste foi conduzido com baixa força, o que fez com que os resultados fossem considerados inúteis.  Por sorte, este fato não parou a equipe da NASA, e eles deram continuidade nos testes do EmDrive, resultando num estudo oficial que foi conduzido em agosto de 2013.  Após deliberarem sobre suas descobertas, a agência espacial oficialmente publicou seu julgamento em junho do ano seguinte, antes de apresentar na 50th Joint Propulsion Conference, em Cleveland, no estado de Ohio.

A NASA concluiu que o desenho de empuxo de cavidade ressonante RF produz empuxo “não atribuído a qualquer fenômeno eletromagnético clássico“.  Em outras palavras, a NASA confirmou o prognóstico inicial de Shawyer (bem como da equipe chinesa), mas não pôde apresentar explicações razoáveis do porquê das coisas  funcionarem, “ele simplesmente funciona“.

Indo em frente, o objetivo a curto prazo da NASA é o de conduzir uma bateria diversa de testes no motor de plasma a vácuo quântico (um motor similar sem propelente, de formato mais achatado do que o EmDrive), na esperança de ganhar verificação e validação independente do motor.  Os testes IV e V iniciais terão o apoio do Centro de Pesquisa Glenn, em Cleveland, usando uma câmara de vácuo de aço inoxidável, que possui a capacidade de detectar a força a nível de micronewton de único dígito, chamada de pêndulo de torção de baixo empuxo.

Após, uma bateria similar de testes de pêndulo de torção de baixo empuxo será então conduzida no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, antes das resultados serem comparados.  Também foi reportado que o Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins contatou o laboratório sobre a condução de testes do tipo Balanço Cavendish.  Este teste permitiria à Johns Hopkins mensurar a quantidade de força gravitacional nos motores sem propelentes.

Neste momento, não se sabe quando os Laboratórios Eagleworks pretendem oficialmente publicar o resultado da revisão paritária, mas mesmo assim, somente o fato de escutarmos de um de seus grandes engenheiros sobre os avanços, já nos mostra um relance do futuro desta tecnologia fascinante.

Seria o EmDrive o embrião da possibilidade da viagem interplanetária?

n3m3

Fontefinance.yahoo.com

Colaboração: Osnir Carlos Stremel Júnior

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